sábado, 5 de julho de 2008

O Título


Eu não sou genial assim todos os dias
Apenas nos dias em que penso não ser
e não me ater que me perco em calendários
Mesmo que eu queira, ou que seja sem querer.

Fora de quadrados, esquerdo, com o pior dos
retardos mentais, meu bem, eu passo mal.
Em prever sonhar com enigmas doentes,
espaciais ... como uma cera fria de uma vela sem calor.
Ser ou não ser, eis o tesão da fome de
amargurar.
O poeta disse num dia, sobre beija-flor, mas
que flor, encontro aqui leões.
Cujos dissecam a massa cinzenta e me isentam,
não penso, não coloro, não decoro. Crio asas consumistas.

Em um furacão ébrio, neblina escura se
ascende em mim. E na tempestade mais uma vez, eu estava
vagando
Encontrei num templo meu herói, ele morreu há
décadas... Admirei-o. Como ele me acolhe nesses dias! Me
acolhe legível, vidraceiro, mais ou menos comum…
E os olhos de esmeralda, como sempre sonhei.
Mas não me olhava, não me olhava, e eu o olhava em vão.
Repousava como eu deveria repousar. Ele estava em meu
lugar.

Furei meus olhos nus, acariciei sua
silhueta imóvel.
Não era o mesmo, não era o mesmo, onde está ?
E cai novamente, em seus pés, eu chorei. Chorei ? Não sei.
Incomensurável, minha interpretação crua, sem
massa cefálica... sem sal.
Se chorei? Me debulhei em lágrimas! Sequei de dentro pra
fora, por pouco não implodi.

E percebi, minhas pobres lágrimas eram a
tempestade a qual eu vagava ébrio, de meu próprio sal,
delinqüente sem lar, mas eu pensava, era o único que
pensava diante de todos que me apontavam.

Sombrio... cavei os ossos sem achar tesouro
algum, meu interior era podre. Cadê a chave pra me tirar
daqui!? Saltei no trampolim, desovei. Mergulhei num
remexido viscoso: Petróleo e notas de 100.

Eu queria, eu queria me limpar, mas aquilo me
amava, e eu acabei amando aquilo. A doce "virgem" de minhas
noites, já não era tão atraente. Ela morreu. E eu
enterrei-a ... na lama.

Joguei sua carcaça à crocodilos famintos e
mal amamentados, por natureza. Devorei crânios, sem tecido
epitelial, me desfazia, não sabia viver nos entremeios de
um gênio.

Um gênio era apenas um gênio e eu sentia que
não seria menos que aquilo. Menos que "apenas um gênio".
Mergulhei então no Éden límbico de meus prazeres mais
escondidos. Meus desejos póstumos que se libertaram enfim.
Não me assombrariam mais. E eu me tornaria o melhor
delinquente sem lar.

Um delinqüente longínquo do que era. Atirei
num padre pelas costas. Arrombei a porta do universo
paralelo. Invadia lentamente os Anais da Loucura, eles eram
puro&sujo.

Como preto e branco. Como em preto e branco.
Minha sanidade em preto e branco. Me puniram então, sem
sucesso. Vocês nunca vão me ter, pois estão em minhas
calejadas mãos. A qual fatiaram em vão. A qual lhes
mostrará o inferno de meu breve sermão. Minha revanche com
gosto de chocolate quente.

Eu desfigurei, sem estética, ladainha,
sardinha. Sentiram o teor da minha saliva. Cerrei seus
dentes no asfalto.
Pulei de para quedas.

Testei sua sanidade em questão, não quero que entenda.


Por Anais da Loucura e puro&sujo.

segunda-feira, 30 de junho de 2008

Sem limites.

Escolha uma vida. Escolha um emprego. Escolha uma carreira, uma familia. Escolha uma televisão grande, máquina de lavar, carros, cd player, abridor de lata elétrico...

Escolha saúde, colesterol baixo, seguro dentário. Escolha prestaçoes fixas pra pagar. Escolha uma casa. Ter amigos. Escolha roupas e acessorios.

Escolha um terno feito do melhor tecido. Se masturbar domingo de manhã pensando na vida. Sentar no sofá e ficar vendo tv. Comer um monte de porcarias. Escolha uma familia e se envergonhar dos filhos egoístas que pôs no mundo para substitui-lo. Escolha um futuro. Escolha uma vida.

Por que eu iria querer isso?
Preferi nao ter uma vida.
Preferi ter outra coisa.

e os motivos... nao há motivos.